Para este trabalho em grupo, os alunos foram reunidos aleatoriamente em grupos de 5 pessoas numa salinha do zoom. O número da sala correspondia ao número do grupo. Cada número correspondia a alguns designers que a equipe deveria pesquisar e escolher 5 composições de cada artista. O meu grupo era formado por mim, Camila Lopes, Miki Takaesu, Marcelo Faria e Rafaelly Felicio. Os designers que ficamos foram Karel Martens, Piet Zwart, Paul Schuitema e Hendrik Werkman. No tempo da aula, decidimos que cada aluno deveria escolher uma obra de cada artista. Como são 5 pessoas,totalizariam 5 obras por artista. Depois, discutimos brevemente as características gerais de cada artista. De forma assíncrona, cada um fez um pequeno texto sobre as obras que escolheram ressaltando suas características e o porquê a composição dá certo. Posteriormente, fizemos uma nova reunião síncrona onde "juntamos" os textos de cada artista, atentando-se para as características em comum de cada designer e escolhemos uma obra específica de cada artista para falar na apresentação e mostrar as técnicas utilizadas. Além disso, decidimos quem iria apresentar e o que iria apresentar. Ficou assim a ordem de apresentação:
1. Camila - Karel
2. Beatriz - Piet
3. Rafaelly - Paul
4. Miki - Hendrik
As obras selecionadas foram as seguintes:
Karel Martens
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Motion, 2017, livro |
Essa publicação é parte de Motion, uma importante exibição do artista, designer gráfico e educador holandês Karel Martens em Kunstverein München. A obra possui forte sensação de textura e uso de cores primárias. Pode ser pessoal, mas me passa uma sensação de movimento. A impressão de relevo me chamou atenção. Também se nota a colocação das palavras na diagonal e a hierarquia entre elas.
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Re-Printed Mater, 2020 |
Essa composição chama muita a atenção por conta do modo do artista trabalhar com linhas e cores e criar formas a partir disso. Utilizando várias tonalidades das cores, explorando a textura criada pelas linhas Karel Martens atribui um certo movimento à sua composição. Ele explora tanto a questão das cores e de seus preenchimentos, como também a questão da transparência e do espaço em branco. Assim, criam-se composições que atraem os olhos e que fazem com que o observador se perca neste universo de linhas e vazios.
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Chaumont, 2010 |
Nessa composição gráfica Karel Martens utiliza muito bem o Princípio da Semelhança e cores. Essa composição funciona muito bem porque a repetição de peças semelhantes, junto com as cores sobrepostas, além de dar a ilusão de transparência, também cria camadas de textos quase ocultas, ao analisar bem é possível ver da esquerda para direita a formação do texto CHAU-MONT-2010, isso dá certo porque ele não escolhe cores aleatoriamente, ele parte das cores primárias, a partir da mistura delas ele cria cores secundárias, e mistura cores primárias com cores secundárias formando cores terciárias.
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Sem título, 1991, em cartão de catálogo do Museu Stedeljk de Amsterdã |
Monoimpressão utilizando cores primárias (como o azul e o vermelho) e uma secundária (laranja = amarelo + vermelho) que conversam entre si. Com esta técnica, foi possível criar um efeito de transparência muito interessante na composição, originando uma sobreposição de cores entre o azul e o laranja, originando uma nova cor. Também é importante destacar a utilização de padrões como forma de textura, como os pontos brancos na figura laranja. A composição é originária de uma série de monoimpressões feitas pelo artista usando uma tipografia para criar imagens experimentais únicas inspiradas na estética do grupo de artistas ZERO.
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Sem-título, 2016 |
É uma “letterpress monoprint” em cartão de 8 por 5 polegadas, exposta na instalação Recent Works, de 2016. Nessa composição, o artista trabalha bastante com as cores e transparência, o azul serve de fundo, ficando ao fundo e se misturando com as faixas brancas, o amarelo transparece, e se mistura às faixas azul e cinza, o vermelho se sobrepõe e não se mistura. O trabalho com a forma circular e as proporções também é notável, as faixas externas cruzam exatamente o centro da outra circunferência, onde um pequeno círculo com a cor da faixa mais externa se destaca: no caso da circunferência cinza, a bolinha do centro parece ser bem menor, enquanto na circunferência branca ela parece ser maior, devido à faixa vermelha que quebra o círculo branco.
Piet Zwart
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Amerikaansche Filmknust |
O fotógrafo e artista gráfico modernista Piet Zwart combinou Dada com De Stijl, elementos irracionais com racionais. Essa obra trabalha muito com a questão das camadas sobrepostas e da transparência das letras e figuras, com a escala entre um rosto e outro também. Além do contraste entre o azul e o vermelho, que mais me chamou atenção.
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Piet Zwart Typotekt, 2010.
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Nessa composição, é possível notar novamente a utilização de cores primárias, além do preto e branco. Além disso, as letras, todas presentes no nome do artista, se encontram em diferentes tamanhos, fontes e cores. O alinhamento delas na diagonal a forma como elas vão “crescendo” em tamanho de baixo para cima dá certa ideia de movimento, ou mesmo evolução, crescimento. Também é possível notar cuidadosa assimetria na composição, além da repetição de letras. A composição vem de uma capa de livro, intitulada “Piet Zwart Typotekt”, de 2010.
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Vierkant Plat Rond, 1926.
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É um pôster publicitário para a marca Nerderlandsche Kabelfabriek (N.K.F.) em Delft, na Holanda, de 27 por 21 centímetros. O artista trabalha com o preto e branco e, ao centro da composição, explora as formas e o movimento: cada uma das palavras centrais - Vierkant, Plat e Rond - está escrita em um eixo diferente, em diagonais, mas o artista une esses eixos ao rotacionar e deixar levemente menores as letras “R”, que está ligando Vierkant e Rond, e “A”, que está ligando Vierkant e Plat. Os outros escritos da composição estão em eixo horizontal simples (exceto pela sigla N.P.K.), em diferentes tamanhos e forças, dando absoluto destaque para o centro da composição.
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Sein via Scheveningen Radio, 1929. |
Os principais princípios utilizados por Piet foram diagonais fortes, uso de escala, fontes variadas e assimetria. Essa composição funciona bem porque ele cria um círculo querendo transbordar, com várias estruturas de antena de rádio no interior formando tons de cinza e preto, com uma certa transparência, que remete quase a uma lua cheia, o que é favorecido pelo fundo totalmente preto, abaixo ele rompe com toda possibilidade de simetria que poderia ter na imagem utilizando fontes com hierarquias muito intensas em posições diagonais que remetem a ondas sonoras dissipadas em um ambiente aberto e que não obedecem a forma circular do fundo e que até se sobrepõe a ela dando certa profundidade na imagem.
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N.E.T.H.M.IJ, 1923. |
Piet Zwart utiliza tons marcantes de cores: o preto e o laranja, para essa composição. Explora nela a hierarquia, principalmente pelos diferenciados tamanhos e direções das letras e palavras. Também há um equilíbrio na composição: ao lado direito, há uma pesada carga de letras; ao lado esquerdo, uma presença marcante de formas geométricas; logo no centro, há mais espaço livre, em branco, o espaçamento entre os elementos centrais é bem explorado e mantém a composição bem equilibrada. Além disso, também se explora a questão da escala nesta composição, nos círculos pretos mais ao centro na esquerda, e os retângulos e triângulos da parte superior neste mesmo lado; de linhas, explorando bastante as diagonais, e pontos (considerando os losangos na parte inferior). Isso contribui com um certo movimento à composição.
Paul Schuitema |
Model Z, zoo duidelijk zoo klein, elke streep 5gram,1928,anúncio para empresas de balanças |
O texto e a imagem dessa composição conversam perfeitamente: os números, nesta exata distribuição, e as setas fazem referência direta à imagem da balança, também presente na composição. O uso de cores como o vermelho, o preto e o fundo mais claro, muito presente em outras de suas obras, muito bem distribuídos, resulta numa obra que transparece harmonia. O forte peso do retângulo vermelho logo abaixo da balança, cria uma âncora, uma base, à composição. E a exploração de hierarquia na tipografia é bastante explorada. Vale ressaltar também que a distribuição dos números na parte superior da composição, que é interrompida pela própria dimensão do papel, representa um dos princípios da Gestalt, que faz com que o observador automaticamente continue essa metragem, apesar de ela não estar visível.
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Fotografia feita para a empresa De Vries Robbe Gorinchem, 1930. |
Na composição de Paul, é notória a utilização de 3 cores principais: o preto, o vermelho e o branco. Além disso, é possível perceber que o artista utiliza-se bastante da hierarquia textual, trabalhando com o tamanho da fonte e sua formatação, como a utilização de negrito nas palavras e frases, por exemplo. Essa imagem vem de uma fotografia feita por Paul em 1930 para a empresa De Vries Robbe Gorinchem.
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Opbouw magazine, 1936. |
Essa página de revista é muito legal, porque aparece a questão da transparência e da sobreposição das camadas, que me cativaram. Também se observa a hierarquia entre as palavras.
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| Poster for the Dutch Transport Workers Union, 1930.
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A utilização de duas cores primárias, de colagem, escala, profundidade e movimento estão muito evidentes nesse trabalho do Paul Schuitema. Essa composição funciona muito bem, principalmente ao analisar o contexto em que ela foi criada, que foi no momento de invasão nazista na Holanda, porque tudo está organizado em torno da mensagem que o poster quer passar: a postura do personagem central fazendo um gesto socialista com a mão, a expressão confiante do rosto e a boca aberta como quem entoa um hino, as pessoas menores indo em direção ao grupo de pessoas que representam como descrito cerca de 30000 pessoas o que dá mais credibilidade ao movimento, as letras com certa distorção mas que respeitam os limites das formas, o tom vermelho e amarelo, característico do movimento socialista, enfim, tudo está muito bem voltado a mensagem que o autor, provavelmente, pretendia levar ao espectador.
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Rótulo para a marca Van Berkel, 1928. |
Nesse rótulo para um produto da Companhia Van Berkel, de 1928, o artista trabalha principalmente com o texto. Usa-se a repetição, como na palavra “Olie”, repetida três vezes ao centro, trabalha com o alinhamento, “Geen” que vem entre “Olie” e “Reuk Kleur Smaak”, não segue o alinhamento desses, está levemente deslocado, a ponta do fim da letra “N” alinha-se perfeitamente com os escritos verticais ao lado, o nome da marca “Berkel”, além de ganhar destaque pelo contorno, também está inclinada, assim como “VPB”, repetido duas vezes em cima dos textos na horizontal, gerando uma quebra do padrão. Além disso, o uso das cores preto e alaranjado em cima do branco gera um contraste mas relativamente suave, o laranja se relaciona com o fundo e com o preto, ao mesmo tempo que se destaca por si só.
Hendrik Werkman
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The Next Call, 1923 - revista. |
The Next Call” #04, uma das publicações artísticas europeias de vanguarda do período entre guerras mais audaciosas, em que ele editou um total de nove obras entre 1923 e 1926. Nessa composição, o que me chamou mais atenção é essa coisa de parecer que as letras estão desmoronando, e a repetição das letras aparece muito forte.
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Cópia tipográfica, 1923–9 |
É possível notar nessa composição evidente repetição de letras e símbolos. Além disso, há uma sobreposição de camadas feitas através de diferentes posições do texto (uma hora ele é escrito na horizontal, outra na vertical) em diferentes partes da folha. Com isso, é possível notar que alguns lugares estão mais “preenchidos” enquanto outros estão mais “vazios”. A obra, feita em preto e branco em uma máquina de escrever, é uma 'cópia tipográfica' de HN Werkman feita entre 1923–9.'cópia tipográfica', 1923–9
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Hot printing, 1963. |
Nessa composição, Hendrik utiliza muitas cores e figuras que criam camadas sobrepostas e um efeito de transparência, tudo para ilustrar seu novo método de impressão “hot printing”, ele utiliza apenas uma fonte, porém na diagonal. A composição é bem elaborada pois a utilização de cores quentes se dá bem com o nome do método de impressão utilizado por ele e que é título da obra e capa de um livro do autor que tem por finalidade mostrar mais características desse modelo de impressão criado por ele, as formas se repetem algumas vezes, mas com cores diferentes, e a forma final resultado da soma das figuras, fica quase como uma chama.
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| Composição com as letras J e O (1928)
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Essa composição tipográfica se destaca pelo uso e repetição simplesmente de letras J e O, além de formas geométricas simples, na criação de uma obra intrigante e única. É uma versão mais expandida e experimental de trabalhos anteriores do artista. Apesar do uso das letras, não é um texto legível, não se formam palavras, mas formas. Há o uso contrastante das cores vermelho, principalmente nas formas das letras, e preto, nos retângulos e linhas que complementam a composição. Uma composição abstrata que pode relembrar as mais diversas formas sem ser de fato qualquer uma delas.
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The Next Call, 1923 |
Esta composição específica de Hendrik Werkman trabalha bastante com repetições e assimetria, mais num ponto de vista de contradição ou oposição dos elementos. A parte superior, ortogonal entre si e paralela aos limites da obra (o "papel", a "tela", a "moldura"), dá maior destaque à curva feita pelos elementos que se encontram sob ela. Estes, por sua vez, reforçam a rigidez da estrutura acima. Isso acaba criando tanto um ritmo à composição quanto um equilíbrio, pois o "reto" e o "inclinado" ao mesmo tempo que se contradizem, reforçam suas características opostas. O uso, especificamente nesta obra, de poucas cores, basicamente só o preto, contribui para acentuar essa característica. Além disso, a estrutura inferior está deslocada em relação a um certo enquadramento que a superior sugere. Em segundo plano, numa análise um pouco mais profunda, nota-se um uso interessante de camadas: a presença dos números 1, 2 e 3, dependendo do ponto de vista, que estão atrás ou na frente da estrutura inferior. Novamente, o uso unicamente do preto para os elementos que compõem essa obra contribui para esse fator de incerteza de sua posição em comparação aos outros.
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