Nossas Imagens - Vilém Flusser
A luz do texto Nossas Imagens, de Vilém Flusser, foi solicitado aos alunos que analisassem as questões levantadas ao assistir a palestra do mesmo autor sobre Imagem Televisiva e Espaço Político.
As questões que levantei anteriormente foram as seguintes:
1. Foi dito no documentário que uma das questões que contribuiu muito para esse triunfo da imagem sobre a realidade foi a revolução da informação, principalmente com a impressão e posteriormente com os jornais físicos e televisivos. Se naquela época a circulação de informação contribuiu para a soberania da imagem, hoje, com a internet e as notícias e informações sendo bombardeadas toda hora, será que esse fenômeno se tornou ainda mais evidente e a imagem cada vez mais domina nossa percepção sobre a realidade?
2. Como ressaltado, a criação da televisão com toda certeza foi um fator marcante na história da imagem, as pessoas faziam as coisas para serem fotografas. Agora, com as redes sociais, como Facebook e Instagram, em que a imagem muita vezes é o reflexo desse indivíduo, será que essa dependência e submissão humana pela imagem se torna ainda pior?
3. Onde, no contexto atual, podemos enxergar a imagem sendo utilizada para moldar a realidade? Seja no contexto político, social e econômico. Que impacto a fotografia gera na sociedade hoje com as tecnologias atuais e a velocidade de circulação da informação?
Vilém Flusser, autor do texto |
É possível perceber com a leitura um conflito histórico entre texto e imagem, na qual um sempre tenta explicar o outro. Na pré-história, a imagem tentava descrever o mundo de forma objetiva, porém, depois de um tempo foi percebendo-se que ela parou de ter essa função e agora ao invés de ser um instrumento orientador e esclarecedor para os homens, ela se tornava uma espécie de disfarce, uma máscara do mundo. Nesse sentido, surge o texto e com ele a história para explicar a imagem. Desde aí, o texto passa por uma grande revolução e atinge seu auge, até o momento em que ele atinge um nível de abstração e conceituação que se o torna inimaginável. Assim, ele perde o seu papel inicial de des-mitizar e des-alienar a realidade, de explicar o conceito por detrás da imagem. Daí, surge um nova era da imagem com a criação da máquina fotográfica, que vem explicar os textos que se tornaram puramente conceituais, momento muito mais próximo do que vivemos hoje.
Depois dessa breve introdução, passando agora para as questões, é possível notar que nessa era digital, muito mais do que a soberania da imagem, com o bombardeamento de notícias, também temos o predomínio dos textos. Ousaria dizer que há uma espécie de disputa entre os dois pra ver quem domina mais o mundo digital. Entretanto, os dois estão hoje presentes em uma quantidade excessiva que cansa o receptor de tantas mensagens que ele recebe (seja em texto ou imagens) ao mesmo tempo. Notícias chegando toda hora dos veículos de comunicação, mensagens de texto em grande quantidade nos apps de mensagem, pessoas expondo sua opinião em textos enormes e desabafando sobre sua vida nas redes, memes, posts e muito mais. Com certeza a imagem tem um papel preponderante nisso, mas não só ela. O texto se faz muito presente e fundamental também nessa era da informação. Portanto, não é só a submissão da imagem, mas também a do texto. O indivíduo atualmente sente a necessidade de compartilhar textos, notícias, jornais, posts, publicações ou mesmo desabafar ou expor seu posicionamento na internet.
Ademais, no contexto político, é notório esse conflito do texto e a imagem. Voltemos as eleições de 2018. Histeria por parte de muitos eleitores com o famoso "kit gay". Como eles poderiam saber se isso era real? Imagens! Havia imagens para explicar tal existência do material. Entretanto, surge o texto, tentando explicar a imagem e dizer que não era bem assim, que na verdade o "kit gay" era um criação que estava sendo utilizada como manipulação da massa para conseguir adesão da população a um lado da política. O outro lado novamente se manifesta, diz que há provas, há IMAGENS. E novamente entramos nesse conflito em que o texto tenta explicar a imagem e a imagem quer explicar o texto, isso num jogo sem fim. Enquanto isso a população se vê obrigada a escolher um lado, porque ela TEM que ter um posicionamento político a essa altura do campeonato. E assim seguimos com esse caos até os dias de hoje: bombardeamento de informações, excessiva quantidade de textos, de imagens e as pessoas tentando encontrar uma orientação diante desse conflito, algumas buscando entender as implicações por detrás de tudo isso.
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